"Já não há Homens"
Bom, antes que comecem a fazer comentários acerca da minha sexualidade, peço que leiam o comentário até ao fim...
O título deste post é também o título dum artigo como o mesmo nome na revista Sábado desta semana, o qual foi escrito por Cristina Azevedo. Por cima do título, aparece uma pequena estatística que diz que o número de solteironas aumentou 128.5% em 10 anos.
Como podem imaginar, neste artigo procura-se encontrar justificações para tal estatística recorrendo para isso ao testemunho de diversas solteironas perto dos 30 anos , algumas famosas outras nem tanto. Aparecem ainda transcritos alguns comentários destas mulheres que realmente me deixam um pouco afectado... Passo a transcrever...
Uma ilustre desconhecida, de nome Ana Parreira e com os respeitáveis 31 anos de idade, começa por dizer o seguinte: "não sei o que se passa com os homens, não temos por onde escolher. Se não estão casados, são homossexuais, engatatões ou não interessam a ninguém".
Bom, enquanto homem solteiro, apesar de ser bem mais novinho que esta respeitável senhora, isto afecta-me um pouco. Eu não sou casado (duh!), sou heterossexual e de engatatão nada tenho. O que me leva à conclusão que eu não interesso a ninguém, apesar de pelos vistos ser irrelevante se ando à procura de alguém ou não, o meu grau de educação, as minhas perspectivas de futuro ou tudo o mais que caracteriza uma pessoa.
Mas ela a partir daqui tenta justificar um pouco mais... esta respeitável senhora diz posteriormente: "Não quero um tipo deitado no meu sofá a ver futebol, a fumar e a beber cervejas. Acabam todos assim. Basta ver as minhas amigas."
Ora aí está! Ela fez o seu estudo estatístico!!! Tem amigas que são casadas e os maridos delas são todos iguais, logo TODOS os homens são como os maridos das amiga dela!!! Claro que deve ser irrelevante o facto de esses homens provavelmente já fumarem e beberem cerveja na altura em que se casaram. Talvez o facto de gostarem de ver futebol seja realmente o pior. Afinal, é muito mais saudável ver a telenovela todos os dias, porque estas já referem temas actuais e tudo. Eu até compreendo um pouco a crítica, mas generalizar assim reduz-nos todos ao mais belo taxista (muito respeito pela profissão) criado nas ruas de Alfama.
Afinal, o que pretende esta senhora? Passamos então a ler um pouco mais à frente, para encontrar a justificação.
Ana Parreira diz então que "um homem decente é alguém bonitinho e cheiroso, género Brad Pitt, capaz de uma conversa inteligente e bem-disposta" e que "as mulheres da minha geração estão mais exigentes e eles ainda nõ perceberam. Não há homens para nós."
O que se pode dizer acerca disto?? Bom, quase todas as mulheres que fizeram os comentários transcritos neste artigo têm uma foto, mas ela não. Claramente esta senhora possui todas as qualidades da Jennifer Aniston! Aliás, eu não sei porque convidaram a sra. Pitt para fazer anúncios a marcas de cosméticos. Ana Parreira deve ter uma pele mais perfeita, uns olhos mais bonitos e um físico igualmente invejável, para não falar nos seus doutoramentos em Física Quântica e Astrofísica. Suponho que também deve ser muito simpática e ter um sentido de humor capaz de fazer corar Bruno Nogueira nos seus melhores momentos no Levanta-te e Ri (e este programa merece um post num futuro próximo). Mas chega de falar desta senhora, passemos à frente.
Marina Carvalho, 32 anos também tem um comentário algo semelhante aos de Ana Parreira...
"Quase todas as minhas amigas que vivem com aqueles que consideraram o homem da sua vida têm razões de queixa. Muitas dizem que eu é que fiz bem: não tenho de aturar ninguém, nem de ser a mãezinha deles. Isso e os homens que me têm saído na rifa nos últimos tempos - casados, bissexuais e totós -, levam-me a pensar que é melhor continuar a levar a vidinha sossegada, até porque prezo muito a minha liberdade."
Ora, aqui está mais uma bela generalização... Solteiros, já sabem: ou são bis ou são totós.
Eu penso que estas duas senhoras talvez devessem procurar conforto uma na outra, visto que os homens não são suficientes para elas.
Reparem, eu consigo respeitar o facto de alguém ser solteiro. Ana Maruqes e Carla Salgueiro (trabalham na SIC) também fizeram comentários para este mesmo artigo e têm uma atitude muito mais ponderada. Não estão à procura de ninguém especificamente, simplesmente as coisas não aconteceram ou não encontraram aquele. O importante é não começar a generalizar. Nem todos os homens solteiros são engatatões ou desesperados ou gays ou totós!! Muitos simplesmente não encontraram ninguém que considerem ser a pessoa ideal para passar o resto da vida. E claro que a tracção física é importante, mas não é tudo, porque se assim fosse as mulheres só olhavam para os modelos e os homens para aquelas bimbas da Playboy (interrogo-me se serão assim tão burras quanto se pinta, se calhar a maioria até nem é nada bimba e apenas quis ganhar uns cobres).
Estas senhoras de trinta anos têm esta opinião extrema acerca dos homens porque todos os que falam com elas estão nas palmas das suas mãos, porque se estes fossem homens a sério não se dignariam a dirigir-lhes a palavra (afinal, ou são gays ou totós ou não interessam a ninguém).
Estas senhoras esquecem-se que daqui a dez anos os homens solteiros (até os engatatões) não mais olharão para elas a não ser que estejam interessados no seu dinheiro. Esquecem-se que o único ponto comum entre os homens entre os 20 e os 30 e os homens entre os 40 e 50 (os solteiros, atenção) é preferirem as mulheres entres os 20 e os 30. São estas mesmas mulheres que aos 60 anos vão ser aquelas velhas amarguradas que tratam mal toda a gente devido à frustração de ninguém gostar verdadeiramente delas.
Aquelas que são solteiras porque simplesmente o destino assim o quis ou ainda não interveio, dificilmente ficarão solteiras por muito tempo. Porque é fácil um homem ficar atraído por uma mulher bonita que tem uma postura mais descontraída e mais aberta. Alguém capaz de dar uma oportunidade e não se remeter à solidão apenas por um capricho.
No fundo, os homens e as mulheres não são assim tão diferentes. O nosso momento sagrada é quando o nosso clube joga, a vossa é quando dá a telenovela favorita. Não existe a união perfeita, esta cria-se a partir da capacidade de ambos os membros do casal se adaptarem as exigências e aos defeitos do outro. E mais, quem é que quer a mulher perfeita? Para mim, o mais interessante numa mulher são precisamente os seus pequenos "defeitos" que tornam tudo muito mais pessoal, senão todos os homens gostariam dela ;)